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Após fracasso no Rio, aliados tentam mostrar força com líderes aliados em nova manifestação pela anistia, na Avenida Paulista
Após o baixo comparecimento à manifestação em defesa do projeto de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro, realizada no último domingo (31/3) em Copacabana, no Rio de Janeiro, aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) já se preparam para uma nova tentativa de mobilização. Desta vez, a estratégia do grupo bolsonarista tem como foco central não o número de participantes, mas a presença de autoridades políticas. Segundo os organizadores, o evento terá “um número recorde de governadores e parlamentares”, com destaque para a participação dos governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Romeu Zema (Novo-MG) e Jorginho Mello (PL-SC) — todos aliados de Bolsonaro. O governador mineiro, que recentemente intensificou seu apoio público à anistia, inclusive ao compartilhar um “hino gospel” em suas redes sociais como forma de apoio simbólico, é esperado como um dos principais oradores do evento, ao lado de Tarcísio de Freitas. O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), um dos principais nomes do bolsonarismo nas redes sociais, também confirmou presença.
Mobilização espontânea e expectativas controladas
A mudança de tom entre o ato do Rio e o de São Paulo já se faz notar entre os próprios organizadores. O pastor Silas Malafaia, que atua na linha de frente das mobilizações, tratou de minimizar as expectativas quanto ao público na Avenida Paulista. “Eu até brinco com o pessoal que quem tem onisciência é Deus, não eu. Eu sei que vai ter muita gente. Agora, número, não sei”, disse, em entrevista. Sobre o esvaziamento do evento no Rio, Malafaia revelou ter alertado o ex-presidente sobre os riscos de convocar uma manifestação em horário e local pouco favoráveis. “Eu avisei o Bolsonaro: ‘carioca, no domingo, acorda mais tarde, se der praia, piora, tem jogo Fla-Flu’. Mas ele: ‘não, vamos fazer, vamos fazer. Depois fazemos um em São Paulo’”, afirmou o pastor. Apesar da tentativa de manter o entusiasmo, os organizadores admitem que o comparecimento popular será difícil de prever. Argumentam que, por se tratar de uma manifestação de caráter “espontâneo”, não há como estimar o número de participantes com antecedência. A expectativa é que a mobilização em São Paulo seja mais expressiva do que a do Rio, tanto pelo peso político da capital paulista quanto pela presença mais garantida de lideranças conservadoras do Sudeste. A manifestação de domingo (6/4) é vista como um novo teste de força para o bolsonarismo nas ruas, em meio à discussão sobre o projeto de lei que propõe anistiar os envolvidos na invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023. Embora ainda sem consenso no Congresso, a pauta tem mobilizado a base bolsonarista nas redes e nas falas de parlamentares alinhados ao ex-presidente. Com foco na rearticulação do grupo e no reforço simbólico à narrativa de perseguição política, o ato deste domingo poderá indicar o grau de mobilização real do bolsonarismo em 2025 — e sua capacidade de aglutinar forças em torno de uma agenda específica no cenário pós-eleitoral.