Representantes de 33 países latino-americanos, incluindo 11 presidentes, reuniram em Tegucigalpa, capital de Honduras, depois da convocação da presidente hondurenha Xiomara Castro, para a IX Cúpula da CELAC (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos). Uma oportunidade perfeita para estreitar relações.
BRASÍLIA (Reuters) -O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu quarta-feira (9/4) a união regional de países da América Latina e do Caribe para fazer frente a medidas unilaterais que desestabilizam a economia internacional, caso das tarifas recentemente anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Lula alertou, em discurso na abertura da 9ª cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), para a necessidade de seus integrantes deixarem diferenças de lado e concentrarem-se na redefinição de seu lugar na nova ordem global que se apresenta. “Tarifas arbitrárias desestabilizam a economia internacional e elevam os preços. A história nos ensina que guerras comerciais não têm vencedores. Se seguirmos separados, a comunidade latino-americana e caribenha corre o risco de regressar à condição de zona de influência em uma nova divisão do globo entre superpotências. O momento exige que deixemos as diferenças de lado”, afirmou. “Quanto mais fortes e unidas estiverem nossas economias mais protegidos estaremos contra ações unilaterais”, acrescentou. A decisão do presidente de ir à cúpula da Celac, que inicialmente não estava no radar, passou pela intenção de Lula de trabalhar para reavivar a integração regional, especialmente no comércio, para rebater às políticas tarifárias de Trump. Fontes ouvidas pela Reuters admitiram que dificilmente a cúpula conseguirá uma posição unificada, com os países ainda analisando suas situações internas e a resistência de alguns em criticar diretamente o governo norte-americano. No entanto, está claro na região que houve uma mudança de uma relação de “negligência benigna”, que sempre marcou a postura dos EUA com a América Latina, para uma área de disputa direta entre EUA e China, disse uma fonte da diplomacia brasileira. A própria Celac está diretamente no meio dessa disputa, já que existe uma aliança entre o país asiático e o grupo há 10 anos. Em maio deste ano, Pequim irá sediar um encontro entre a Celac e o governo chinês, da qual Lula participará. “O momento exige que deixemos as diferenças de lado. É preciso resgatar o espírito plural e pragmático que nos uniu no início dos anos 2000 e que levou à criação da Unasul e da própria Celac”, cobrou Lula.