Segundo o Estadão, “o Brasil não aguenta mais o PT, o Brasil não aguenta mais o Lula”. A frase de Tarcísio foi erguida ao status de diagnóstico histórico pelo jornal, que dedicou páginas a atacar a trajetória de Lula e do Partido dos Trabalhadores
O Estado de S. Paulo, jornal quatrocentão com ligação histórica às elites paulistas, publicou neste sábado (16/8) um editorial que escancara sua preferência pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) Sob o título “Tarcísio está certo”, o texto tenta transformar um discurso contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em plataforma política antecipada, num gesto que equivale a uma declaração de apoio ao projeto presidencial do ex-ministro de Jair Bolsonaro. Segundo o Estadão, “o Brasil não aguenta mais o PT, o Brasil não aguenta mais o Lula”. A frase de Tarcísio foi erguida ao status de diagnóstico histórico pelo jornal, que dedicou páginas a atacar a trajetória de Lula e do Partido dos Trabalhadores. Mas, apesar do esforço editorial, a realidade política aponta em outra direção: Lula lidera todas as pesquisas de intenção de voto para 2026, à frente de qualquer adversário de centro ou de extrema direita. A tentativa do jornal paulista de vestir Tarcísio como alternativa viável soa mais como exercício de desejo do que como análise objetiva. Historicamente, o Estado de S. Paulo sempre se posicionou contra governos populares e alinhou sua linha editorial às elites econômicas, defendendo teses de austeridade fiscal e criminalizando políticas sociais. Agora, aposta em Tarcísio como o rosto da “renovação”, embora o governador seja um quadro forjado no bolsonarismo e parte do mesmo campo político que mergulhou o Brasil no caos institucional e econômico. O texto do Estadão vai além ao atacar a política externa do governo Lula, acusando-o de “bajular autocratas” e de reviver debates ideológicos ultrapassados. A crítica, no entanto, ignora que o Brasil voltou a ter protagonismo internacional desde 2023, com Lula sendo recebido como liderança global em fóruns multilaterais e recolocando o País no centro de temas como clima, democracia e cooperação internacional. Ao oficializar sua adesão à candidatura de Tarcísio, o jornal revela não apenas sua preferência, mas também seu temor: a perspectiva de uma nova vitória de Lula em 2026. Como resumiu de forma irônica um observador atento da cena política, o Estadão pode até tentar escolher seu candidato, mas quem continua escolhendo é o povo brasileiro – e até agora, todas as pesquisas mostram Lula na dianteira.