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Dimas destacou ainda que as despesas correntes da saúde dobraram entre 2021 e 2025, passando de R$ 871,9 milhões para R$ 1,63 bilhão, enquanto o número de internações cresceu apenas 21%
A troca de farpas entre o governo interino de Laurez Moreira (PSD) e o grupo político do governador afastado Wanderlei Barbosa (Republicanos) ganhou novo capítulo nesta terça-feira (4/11). O secretário de Planejamento e Orçamento Ronaldo Dimas, reagiu à nota divulgada pelo diretório estadual do Republicanos, que classificou como “artificial” o rombo de R$ 582 milhões anunciado pelo governo interino na Secretaria de Estado da Saúde. “Que governo foi esse que não sabia quanto devia? Que contratava sem orçamento e sem lastro financeiro? Que não tinha qualquer controle sobre a execução dos serviços contratados?”, questionou Dimas. Segundo o secretário, o montante revelado pelo atual governo expõe “uma gestão que gastava de forma descontrolada o dinheiro público, enquanto entregava um serviço de péssima qualidade à população”. Dimas destacou ainda que as despesas correntes da saúde dobraram entre 2021 e 2025, passando de R$ 871,9 milhões para R$ 1,63 bilhão, enquanto o número de internações cresceu apenas 21%. “Um absoluto descompasso entre o aumento dos custos e o crescimento da demanda atendida, o que evidencia a incompetência da gestão anterior”, afirmou. O secretário da Saúde, Vânio Rodrigues de Souza, reforçou a crítica: “Assumimos a gestão com prestadores que estavam há mais de seis meses sem receber. As dívidas se acumulavam de ano a ano, criando uma bola de neve que estava levando a saúde do Tocantins à falência”, declarou.
Ameaça
Em resposta, o Partido Republicanos — sigla do governador afastado Wanderlei Barbosa — acusou o governo interino de tentar “fabricar uma crise artificial” e anunciou que vai recorrer à Justiça caso o decreto emergencial seja publicado. “Laurez está há dois meses sem pagar fornecedores da Saúde e do Servir e agora tenta usar o caos criado por ele para abrir brecha para contratações sem licitação. Isso é um grave retrocesso e coloca em risco a boa gestão dos recursos públicos”, diz a nota divulgada pelo partido. A legenda contesta o valor do rombo anunciado, afirmando que não há provas concretas e que o número de R$ 580 milhões só seria alcançado se o governo reconhecesse dívidas prescritas há mais de cinco anos, o que seria ilegal. O Republicanos ainda ressaltou que a Secretaria da Saúde possui orçamento anual superior a R$ 3,2 bilhões, e que é normal haver “restos a pagar” equivalentes a cerca de 10% desse total — algo em torno de R$ 320 milhões —, dentro da normalidade administrativa. Durante a gestão de Wanderlei Barbosa, segundo o partido, o Estado teria pago mais de R$ 700 milhões em dívidas herdadas, mantendo estabilidade nas contas públicas e melhorando a nota de capacidade de pagamento (CAPAG) de C para B+, concedida pelo Tesouro Nacional. O Republicanos informou que seu departamento jurídico foi acionado e que pretende recorrer aos órgãos de controle e ingressar com ação civil pública caso o decreto emergencial seja publicado. “A tentativa de criar um ambiente de exceção para contratar sem licitação é perigosa e inaceitável. O governo interino precisa explicar por que parou de pagar fornecedores e servidores, e não tentar justificar a própria ineficiência com um decreto que abre brechas para irregularidades”, conclui a nota do partido.


