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A declaração irônica de Jair Bolsonaro sobre campanha beneficente da Globo gera polêmica
Enquanto a TV Globo se prepara para uma noite de emoção e solidariedade com o especial Criança Esperança 2025, o nome de Jair Bolsonaro volta a circular nas manchetes por um motivo bem diferente. O ex-presidente, condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), segue no centro das atenções, e de novas polêmicas, após comparar as doações que recebeu de apoiadores com as arrecadações do tradicional projeto beneficente da emissora. De acordo com o Gshow, o Criança Esperança vai ao ar nesta segunda-feira (27/10), logo após “Três Graças”. O especial celebra 40 anos da parceria entre a TV Globo e a UNESCO, ressaltando a força da mobilização social em prol de crianças e adolescentes. Neste ano, o projeto ganha um brilho especial com a reunião histórica de Xuxa, Angélica e Eliana, três ícones da televisão que marcaram gerações e agora se unem novamente como apresentadoras do programa, repetindo o sucesso do encontro de 2023.
‘Arrecadei mais que o Criança Esperança’, disse Bolsonaro
A declaração que gerou controvérsia foi dada por Jair Bolsonaro (PL-RJ) em abril de 2025, durante seu interrogatório no Supremo Tribunal Federal no inquérito que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Segundo reportagem da CNN Brasil, o ex-presidente afirmou que as campanhas de doações via Pix feitas por seus apoiadores foram essenciais para sua sobrevivência financeira. Em tom de brincadeira, Bolsonaro declarou: “Se não fosse a campanha do pix, que eu não fiz, eu não sei como estaria sobrevivendo hoje em dia. 17 milhões, depois tem um pingado, chegou a 18 milhões de reais”. Em seguida, fez a comparação que causou reação imediata: “Arrecadei mais que o Criança Esperança, inclusive. Sinal de que o pessoal gosta da gente”, disse o ex-presidente, rindo e olhando para seus advogados. A fala, que misturou ironia e provocação, acabou soando especialmente polêmica às vésperas da nova edição do projeto da Globo, conhecido por promover solidariedade e inspirar empatia.
O lado sério da história: condenação e recursos
De acordo com a Agência Brasil, Bolsonaro tem até esta segunda-feira (27/10) para recorrer da condenação de 27 anos e três meses de prisão, imposta pelo STF pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, atentado contra o Estado Democrático de Direito, organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. O prazo para sua defesa apresentar os embargos de declaração — recurso que busca esclarecer contradições ou omissões na decisão — termina às 23h59. Embora o recurso não tenha poder para reverter a condenação, ele pode atrasar o início da execução da pena. Desde agosto, o ex-presidente cumpre prisão domiciliar, com tornozeleira eletrônica, por determinação do ministro Alexandre de Moraes, relator do processo.
Quem mais foi condenado no mesmo processo
A condenação de Bolsonaro integra o chamado Núcleo 1 da trama golpista, composto por outros sete réus considerados os principais articuladores dos atos de 8 de janeiro de 2023, ainda segundo dados da Agência Brasil. Entre eles estão:
Walter Braga Netto, condenado a 26 anos;
Augusto Heleno, a 21 anos;
Almir Garnier, a 24 anos;
Paulo Sérgio Nogueira, a 19 anos;
Anderson Torres, a 24 anos;
Alexandre Ramagem, a 16 anos, um mês e 15 dias;
Mauro Cid, a dois anos em regime aberto — o único que pode ter pena extinta por já ter cumprido medidas cautelares.
Os recursos de todos serão analisados pela Primeira Turma do STF, composta por Flávio Dino, Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Luís Roberto Barroso.


