Guilherme Boulos – Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Boulos informou que suas próximas agendas ocorrerão nos 26 estados e no Distrito Federal, após sua participação na COP30, no Pará, para onde embarca neste domingo (9/10).
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos (Psol), lançou neste sábado (8/10) o programa Governo na Rua, voltado a aproximar o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) das periferias do país, a um ano das eleições de 2026. O evento inaugural ocorreu no bairro do Campo Limpo, zona sul de São Paulo, onde Boulos mora, reunindo moradores e lideranças comunitárias. Segundo a Folha de S.Paulo, o ato foi realizado em um campo de futebol cercado por moradias simples. A cerimônia contou com a presença de representantes de movimentos sociais de catadores, entregadores por aplicativo, jovens das batalhas de rima e integrantes da cozinha experimental do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), organização da qual o ministro é um dos fundadores. Durante seu discurso, Boulos destacou o papel que Lula lhe atribuiu na missão de fortalecer o diálogo com as comunidades. “O Lula me pediu para ser um ministro que rode as periferias do Brasil inteiro. Faça o que a gente fez aqui, que é ouvir os trabalhadores e movimentos, mas não só ouvir: trazer solução”, afirmou. Entre as primeiras ações do programa, Boulos anunciou o lançamento de uma plataforma de orçamento participativo, que permitirá à população enviar propostas e definir prioridades de investimento. O ministro disse que a página deve ser lançada ainda neste ano e será um canal direto entre o governo federal e os cidadãos. O novo titular da Secretaria-Geral enfatizou que a iniciativa pretende reconectar o governo com o povo das periferias, reconhecendo que esse público tem sido alvo da disputa de outros campos políticos. Estudos citados pela Folha apontam que, desde 2012, o PT perdeu espaço em regiões periféricas de São Paulo, onde partidos de centro têm ampliado sua influência. Mesmo assim, Boulos rejeitou a ideia de que a esquerda teria se afastado da base popular. “A esquerda não perdeu conexão com a sociedade, tanto é que ganhou a última eleição com o presidente Lula com votos populares. Ele ganhou com ampla margem entre quem ganha até dois salários mínimos, que é o povo das periferias”, declarou. O ministro defendeu ainda a participação popular como um princípio previsto na Constituição de 1988, criticando gestores estaduais de direita que, segundo ele, rejeitam o envolvimento direto da população. “Eles têm povofobia, medo do povo”, afirmou. Após o evento, Boulos informou que suas próximas agendas ocorrerão nos 26 estados e no Distrito Federal, após sua participação na COP30, no Pará, para onde embarca neste domingo (9/10). Empossado em 29 de outubro no lugar de Márcio Macêdo, Boulos voltou a criticar a recente operação policial conduzida pelo governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), classificada por ele como uma das mais letais do país, com 121 mortos. “O governador do Rio prefere fazer demagogia com sangue, tratar todo mundo da comunidade como se fosse bandido. Aliás, essa é a mesma visão do governador Tarcísio de Freitas e de muitos governadores bolsonaristas”, disse. Boulos encerrou o discurso citando a atuação da Polícia Federal contra o PCC (Primeiro Comando da Capital) como exemplo de enfrentamento ao crime “da maneira correta”, reforçando que o combate à violência deve respeitar os direitos humanos e envolver a comunidade.


