A organização sem fins lucrativos ACLED (Armed Conflict Location and Event Data – “dados sobre localização e eventos de conflito armado”, em tradução live) publicou recentemente seu índice anual de conflitos, ilustrando dados chocantes sobre conflitos globais ao longo de 2024 e fornecendo sua previsão para 2025. Eles listam os 50 principais países com as estatísticas mais brutais relativas à violência e conflito. Nesta galeria, listamos o ranking dos 20 piores. E, surpreendentemente, o Brasil está à frente de muitos países em guerra, inclusive da Ucrânia. Clique para entender melhor. O Brasil registrou um total de 38.722 assassinatos em 2024, segundo dados do Ministério da Justiça.

Foto: IGP/Divulgação
Equipe da perícia analisa cena de crime em Canoas (RS)
Conforme atualização na plataforma do Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (Sinesp), houve queda de 5% em relação a 2023, quando foram contabilizadas 40.768 mortes violentas intencionais. São considerados como assassinatos os homicídios dolosos (quando há intenção de matar), feminicídios, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte. Os dados são enviados pelos estados ao governo federal e são disponibilizados na plataforma. Em 2024, o país registrou taxa de 18,2 mortes por 100 mil habitantes, número que era de 19,3 em 2023. O levantamento considera dados desde 2015, quando o Sinesp passou a divulgar os números em uma plataforma online. Houve queda sequencial nos assassinatos nos últimos quatro anos, desde 2020, quando o país registrou 45.522 mortes — queda acumulada de 16% quando comparado a 2024. Para Renato Sérgio de Lima, presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a queda de assassinatos está relacionada à consolidação de conflitos entre facções criminosas e o investimento do poder público (municípios, estados e governo federal). “A série histórica é relevante, não se pode desmerecer. Agora, temos dois elementos que explicam: a reconfiguração das dinâmicas do crime, que opta por ganhar dinheiro; e tem a ver com policiamento ostensivo. Temos que valorizar a política pública”, afirma Lima.
Mortes pela polícia
Os dados de mortes violentas não incluem as mortes cometidas pelas polícias, que são chamadas pelo nome técnico de Morte Decorrente de Intervenção Policial (MDIP). Este tipo de morte é contado separado dos assassinatos. Em 2024, as polícias do país mataram 6.121 pessoas, segundo o Ministério da Justiça. Em 2023, foram 6.391 vítimas de policiais em todo país, o que indica redução de 4,2% em um ano.
Veja abaixo:
O total de agentes de segurança mortos em 2024 foi de 192, número que mantém o patamar ao comparar aos 191 profissionais mortos em 2023. O ano com maior vitimização foi 2017, com 396.
Outros crimes
Os feminicídios apresentaram queda de quase 0,7%: foram 1.438 em 2024, frente 1.449 crimes registrados no ano anterior. A quantidade de registros de estupros diminuiu 3%, com 79.688 denúncias, enquanto o total em 2023 foi de 82.191. Mais de 80% das vítimas são do sexo feminino. Houve crescimento de 67% nos estupros desde o início do levantamento, há 9 anos — foram 46.985 casos registrados em 2015.