Foto: Marcio Batista/MRE
O das Relações Exteriores da China, Wang Yi (foto) telefonou a Celso Amorim
O governo Xi Jinping manifestou nesta quarta-feira (6/8) um apoio firme ao governo Luiz Inácio Lula da Silva, contra o que chamou de “interferência externa injustificada” nos assuntos internos do Brasil e “imposição intimidatória de medidas tarifárias”, pela administração de Donald Trump. A manifestação da China foi oficializada pelo chanceler Wang Yi, durante um telefonema direto ao Palácio do Planalto, com o assessor especial da Presidência, Celso Amorim. Este foi o gesto mais explícito da China em suporte ao Brasil, na reação ao tarifaço de Trump e às medidas de sanção anunciadas por Washington com fundo político. O governo Xi Jinping disse que aprofundar laços com o Brasil poderá “compensar incertezas externas”. “A China apoia firmemente o Brasil na salvaguarda de sua soberania e dignidade nacionais e se opõe à interferência externa injustificada nos assuntos internos do Brasil”, diz um comunicado atribuído ao ministro Wang Yi, divulgado pela chancelaria chinesa. “A China apoia firmemente o Brasil na defesa de seus direitos e interesses de desenvolvimento e na resistência à imposição intimidatória de medidas tarifárias.” Conforme o governo chinês, o ministro afirmou na chamada com Amorim que “usar tarifas como arma para reprimir outros países viola a Carta da ONU, enfraquece as regras da OMC e é impopular e insustentável”. Governo Lula aciona os Estados Unidos na OMC contra tarifaço de Trump, diz Itamaraty. Além de ministro, Wang Yi é membro do Birô Político do Comitê Central do Partido Comunista Chinês e diretor do Gabinete da Comissão Central de Relações Exteriores. O chanceler afirmou ainda que a China dará suporte ao Brasil no “fortalecimento da solidariedade e cooperação” entre os países do Sul Global, por meio do Brics, e também na “promoção da solidariedade e autossuficiência” entre os países em desenvolvimento. “A China está disposta a trabalhar com o Brasil para aprofundar a cooperação bilateral e compensar efetivamente diversas incertezas externas com a estabilidade e a complementaridade da cooperação bilateral”, disse o Wang Yi. Pequim também publicou nas redes sociais uma comparação entre as decisões do governo americano e chinês, em relação ao café brasileiro, um dos produtos que estão no topo da pauta comercial com ambos países. Enquanto o café do Brasil foi sobretaxado com 50% nos EUA a partir desta quarta-feira, a China anunciou que habilitou exportações de 183 novos produtores brasileiros, desde 30 de julho. “China e Brasil trabalham juntos para promover a construção de uma comunidade com um futuro compartilhado, visando um mundo mais justo e um planeta mais sustentável. Isso reflete a visão compartilhada e o senso de responsabilidade da China e do Brasil, como importantes países em desenvolvimento, na promoção de um mundo multipolar, na manutenção das regras e da ordem internacionais e na defesa da equidade e da justiça globais”, afirmou Jian.