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“A eleição será daqui a um ano e meio. Desconheço algum candidato à Presidência que tenha obtido sucesso ao antecipar tanto assim a disputa. Normalmente, ninguém aguenta tanto tempo de fritura e acaba se queimando”, afirmou o senador Flávio Bolsonaro
Às vésperas do julgamento (2/9) da trama golpista no Supremo Tribunal Federal (STF), a indefinição de Jair Bolsonaro sobre quem será seu herdeiro político em 2026 abriu uma disputa explícita entre seus filhos e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Como revelou a colunista Bela Megale, do jornal O Globo, Flávio, Eduardo e Carlos Bolsonaro se movimentam de forma coordenada para sabotar o avanço de Tarcísio como potencial candidato à Presidência. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) enviou um recado direto ao governador paulista ao criticar a antecipação da corrida presidencial. “A eleição será daqui a um ano e meio. Desconheço algum candidato à Presidência que tenha obtido sucesso ao antecipar tanto assim a disputa. Normalmente, ninguém aguenta tanto tempo de fritura e acaba se queimando”, afirmou. Segundo ele, “a chance de sucesso de um presidenciável diminui ao antecipar tanto assim a disputa”.
Eduardo e Carlos atacam Tarcísio e defendem hegemonia da família
O deputado Eduardo Bolsonaro, radicado nos Estados Unidos da América (EUA) desde fevereiro, acusou de “chantagem” setores da direita que pressionam por um sucessor para seu pai. Em postagens nas redes sociais, afirmou que a pressa em definir nomes teria como objetivo “forçar Bolsonaro a tomar uma decisão da qual não possa mais voltar atrás”. Eduardo já sinalizou a aliados que pode deixar o PL e disputar a Presidência por outra legenda caso Tarcísio aceite o convite para se filiar ao partido.Carlos Bolsonaro, por sua vez, foi ainda mais agressivo. Criticou governadores de direita que, segundo ele, “fingem normalidade” diante do julgamento do ex-presidente e insinuou que a candidatura de Eduardo deveria ser priorizada em detrimento de Tarcísio. Em outro ataque, disse que há “completa falta de humanidade” na postura de lideranças que teriam esquecido quem os “possibilitou alçar voos” — em referência direta ao pai.
PL dividido e Valdemar Costa Neto na defensiva
As disputas internas também atingiram o comando do PL. O presidente da sigla, Valdemar Costa Neto, declarou que trabalha para trazer Tarcísio para os quadros do partido, irritando Eduardo Bolsonaro. Diante da pressão, Valdemar recuou e disse que o candidato do PL em 2026 “é Jair Bolsonaro ou quem ele, e só ele, escolher”. A declaração foi lida como tentativa de apaziguar a crise, mas nos bastidores dirigentes do partido avaliam que a movimentação tem aval do próprio Bolsonaro. Mensagens obtidas pela Polícia Federal mostram que Jair Bolsonaro e Eduardo tiveram discussões ásperas antes de serem proibidos de manter contato pela Justiça. Em uma das conversas, o ex-presidente chamou o filho de “imaturo” e elogiou Tarcísio, o que aprofundou a desconfiança entre ambos. Para aliados próximos, Bolsonaro ainda vê em Tarcísio um nome viável, capaz inclusive de conceder eventual indulto caso o ex-presidente seja condenado. Ao mesmo tempo, figuras como o pastor Silas Malafaia seguem pressionando para que a família mantenha a hegemonia da direita, descartando o governador paulista como alternativa. O resultado é um quadro de sabotagem aberta: enquanto Tarcísio ensaia discursos de pré-campanha e busca consolidar sua imagem como alternativa ao presidente Lula, o clã Bolsonaro se mobiliza para preservar seu espaço político e não permitir que o governador paulista assuma a liderança da oposição.