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Carlos Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro atacaram a movimentação de parlamentares e dirigentes do centrão que defendem Tarcísio como candidato à Presidência em 2026
A direita racha às vésperas do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ) no Supremo Tribunal Federal (STF). O bolsonarismo raiz acusa o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), de antecipar o velório político do padrinho, enquanto os filhos de Bolsonaro endurecem críticas contra aliados que, segundo eles, fazem o jogo da Faria Lima e da velha mídia. Não é de somenos o papel de Bolsonaro no surgimento político de Tarcísio e de outros governadores que hoje se apresentam como “direita” anti-Lula e anti-PT. Parlamentares do centrão também surfaram na onda do ex-presidente em 2022, muitos deles prestes a renegar a herança do líder que caminha para o xilindró.
Clã Bolsonaro contra Tarcísio
Carlos Bolsonaro (PL-RJ) e Eduardo Bolsonaro (PL-SP) atacaram a movimentação de parlamentares e dirigentes do centrão que defendem Tarcísio como candidato à Presidência em 2026. Para os filhos do ex-presidente, trata-se de oportunismo em plena “situação vexatória” vivida pelo pai, que pode pegar até 40 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado. Carlos publicou nas redes que há “falta de humanidade” diante do que ocorre com Bolsonaro. Já Eduardo, refugiado nos Estados Unidos, acusou aliados de chantagem e reclamou de ter sido excluído de pesquisas eleitorais, insinuando que há um esforço para apagá-lo da cena política.
Preferência por um nome “puro-sangue”
Nos bastidores, o clã Bolsonaro trabalha para manter vivo o espólio eleitoral do pai e insiste em uma candidatura “puro-sangue”, como a do pastor Silas Malafaia, em vez de governadores que desejam herdar a base eleitoral mas se distanciam do ex-presidente. O vereador Jair Renan Bolsonaro (Balneário Camboriú, PL-SC) engrossou o coro, dizendo que Eduardo seria a “opção natural da direita”. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), por sua vez, adota postura mais discreta e evita embates públicos com Tarcísio, mantendo-se como principal porta-voz do pai em Brasília (DF). Já a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro prefere relatar a rotina do marido em prisão domiciliar, que ela classifica como cenário de “perseguições” e “humilhações” impostas pelo ministro do STF Alexandre de Moraes.
Movimentos de bastidores
Apesar de negar publicamente, Tarcísio já circula em eventos como presidenciável. No aniversário de 20 anos do Republicanos, foi tratado como estrela pelo presidente da sigla, Marcos Pereira (SP), e como peça-chave por Valdemar Costa Neto (PL), que revelou conversas sobre sua migração ao PL em caso de candidatura ao Planalto.
Ciro Nogueira (PP) e Antonio Rueda (União Brasil) também aparecem como entusiastas da eventual candidatura do governador paulista, numa articulação que pode se consolidar após a provável condenação de Bolsonaro. O julgamento do ex-presidente começará no dia 2 de setembro.
Racha e implosão
O racha expõe a implosão do projeto político da extrema-direita brasileira. Enquanto Tarcísio tenta se viabilizar como “herdeiro responsável” para o mercado e a velha mídia, os filhos de Bolsonaro defendem um legado personalista, isolado e radicalizado. O julgamento no STF será um divisor de águas: ou a direita se reinventa sem Bolsonaro, ou se arrasta num velório político interminável.
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Jornalista e blogueiro paranaense, Esmael Morais é responsável pelo Blog do Esmael, um dos sites políticos mais acessados do seu estado