Brasília (DF) – 22/11/2025 – Manifestação em frente à sede da Polícia Federal após a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)
Após ter defendido o ex-presidente em prisão domiciliar, jornal agora sustenta em editorial que a detenção em regime fechado é juridicamente amparada
O jornal Estado de S. Paulo, que em editorial anterior havia defendido que Jair Bolsonaro permanecesse em prisão domiciliar, mudou de posição e agora sustenta que sua prisão preventiva em regime fechado é a resposta adequada diante da violação da tornozeleira eletrônica determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O novo editorial do jornal Estado de S. Paulo afirma que a decisão de Moraes está amparada em fatos objetivos. Segundo o texto, Bolsonaro admitiu à Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal que utilizou um ferro de solda para tentar abrir o equipamento por “curiosidade”. Para o jornal, a justificativa — além de pouco crível — não altera o impacto jurídico da ação, configurando violação clara de medida cautelar prevista no artigo 312 do Código de Processo Penal.
Violação ocorreu às vésperas do início do cumprimento da pena
De acordo com o editorial, que destaca o episódio como um gesto deliberado, a tornozeleira indicou funcionamento anômalo na madrugada de sábado, acionando imediatamente o sistema de monitoramento e permitindo que Moraes agisse com base em dados precisos. O texto lembra que a destruição do equipamento ocorre dias antes do trânsito em julgado da Ação Penal 2.668, na qual Bolsonaro foi condenado a 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de golpe de Estado e outros crimes. O jornal frisa que Bolsonaro já havia demonstrado intenção de se evadir da Justiça quando passou duas noites na Embaixada da Hungria, entre 12 e 14 de fevereiro de 2024, após operação da Polícia Federal. Para o editorial, aquele episódio representou um claro ensaio de fuga e pesa agora na avaliação do risco de evasão.
Editorial aponta possível coordenação com ato convocado por Flávio Bolsonaro
O texto também menciona a coincidência entre a violação da tornozeleira e a convocação de uma “vigília” no condomínio do ex-presidente, organizada por Flávio Bolsonaro. Segundo o jornal, não é irrazoável que autoridades tenham visto risco de tumulto que pudesse facilitar uma fuga, entendimento compartilhado pela Polícia Federal, pela Procuradoria-Geral da República e pelo ministro Moraes.
Estadão afirma que prisão preventiva foi proporcional
O editorial reforça que a decisão de manter Bolsonaro em uma sala de Estado da sede da PF em Brasília observa sua condição clínica e respeita a legislação aplicável a presos em situação especial. Moraes autorizou acesso irrestrito da equipe médica ao ex-presidente, medida considerada prudente pelo jornal. Ao concluir, o Estado de S. Paulo argumenta que a prisão preventiva não foi “excessiva” nem “abusiva”, descrevendo-a como resposta jurídica adequada ao risco concreto de fuga e de reincidência. Para o jornal, o STF agiu com proporcionalidade, precisão técnica e respeito às garantias legais.



