Testemunho do brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior sobre trama golpista ao STF é destruidor para ex-presidente
p/ Matheus Pichonelli – Ig
Entre 31 de outubro, dia seguinte ao segundo turno, e 25 de novembro, por exemplo, Bolsonaro fez apenas dois pronunciamentos, de menos de cinco minutos, e foi ao Palácio do Planalto, seu local de trabalho, apenas três vezes, segundo uma reportagem na época da BBC. Parecia viver com o ânimo de quem cumpre tabela ou aviso prévio. Uma das raras aparições aconteceu durante uma solenidade das Forças Armadas em 5 de dezembro. Bolsonaro não discursou durante a cerimônia. Só chorou. Parecia confirmar, assim, a versão de que estaria trancado no quarto sem forças para levantar da cama. As investigações sobre a tentativa de golpe de Estado após a derrota nas urnas contam outra história. E parte dela foi confirmada nesta quarta-feira (21/5), aos ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, pelo ex-chefe da Aeronáutica, o brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior. Apontado pela Procuradoria Geral da República como uma das testemunhas de acusação contra o chamado “núcleo crucial” da trama golpista, do qual o ex-presidente é um dos réus, Baptista Junior chegou à audiência sob grande expectativa. Dois dias antes, o general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, aliviou o quanto pode a situação de Bolsonaro. E negou ter dado voz de prisão ao então presidente ao ser apresentado a uma minuta golpista – que chamou de “apontamentos jurídicos” sobre a possibilidade de reverter o resultado das urnas.
Baptista Junior fez o oposto
Dispensou eufemismos e endossou, no tribunal, tudo o que disse há um ano em depoimento à Polícia Federal. Inclusive que ouviu, sim, o general Freire Gomes dizer que, pela lei, seria obrigado a mandar prender o então presidente. O resultado é avassalador para Bolsonaro.