Secom – Governo de Goiás
“Impossível união no primeiro turno. Convergência só no segundo turno”, disse à Folha Caiado (foto) , questionado se o movimento já seria uma tentativa de aproximação eleitoral
Governadores da direita planejam encontros para unificar o grupo, com críticas à atuação do STF (Supremo Tribunal Federal) e do governo, e vão se reunir na próxima terça-feira (12/8) com presidentes de partido. Segundo o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), o passo seguinte será procurar os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e se colocar à disposição do governo federal para o que chamou de diálogo. Ibaneis foi o anfitrião da primeira reunião, ocorrida na quinta-feira (7/8), que teve a presença de outros oito governadores: Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo; Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais; Ronaldo Caiado (União), de Goiás; Ratinho Jr (PSD), do Paraná; Jorginho Mello (PL), Santa Catarina; Claudio Castro (PL), do Rio de Janeiro; Mauro Mendes (União Brasil), do Mato Grosso; e Wilson Lima (União), do Amazonas. Os quatro primeiros são pré-candidatos ou cotados ao Palácio do Planalto no próximo ano. Segundo relatos, a eleição de 2026 não entrou em pauta, mas a ideia deles é unificar o grupo político. O governador Mauro Mendes contou ter dito aos participantes que o próximo presidente do Brasil estava na reunião. E que, se não estiver, e a esquerda continuar no poder, os responsáveis também estavam ali. “Impossível união no primeiro turno. Convergência só no segundo turno”, disse à Folha Caiado, questionado se o movimento já seria uma tentativa de aproximação eleitoral. Ao final do encontro, apenas três falaram com a imprensa: Tarcísio, Caiado e Mendes. Os demais disseram ter compromissos. O governador de São Paulo falou em “harmonia institucional” para criticar o STF. Ele defendeu que “os Poderes têm papéis na mitigação da crise” e “têm que contribuir para desescalar a crise”, numa alusão à prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ). Antes de participar da reunião na casa de Ibaneis, Tarcísio fez uma visita a Bolsonaro, com quem ficou por cerca de duas horas. A jornalistas disse apenas que ele está “sereno”. O objetivo principal do encontro era tratar do que eles chamam de crise institucional, numa crítica à atuação do Supremo, e do tarifaço dos Estados Unidos a produtos brasileiros, em que dizem ver falta de ação do governo brasileiro. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos Estados Unidos trabalhando junto às autoridades do governo Trump pelas sanções, não entrou em discussão na conversa dos governadores, ainda que os gestores estaduais tenham críticas à sua atuação. Os únicos dois governadores de direita que foram aos atos bolsonaristas do último domingo, pós-tarifaço e aplicação de sanção financeira a Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), foram Jorginho de Mello e Claudio Castro. “Não precisa ser especialista para entender cenário de que a maioria dos brasileiros de bom senso não concorda com alguém do nosso país indo lá fora articular contra nosso país. Isso prejudica, sim, um campo no qual ele [Eduardo] diz estar inserido”, disse Mendes.
Críticas
Mas, em seguida, ele diz que a principal critica, e o objetivo do encontro, é ao governo federal. “Presidente Lula não pode abrir mão de insistir numa negociação com os EUA para minimizar o efeito do tarifaço. Tudo que foi feito até agora foi articulação por meio dos americanos ou pelo mundo empresarial”, disse Mendes. “De outro lado, há grandes confusões do Supremo, da Câmara e do Senado. Espera-se que esse estado de poder seja respeitado, para que o Congresso possa cumprir seu papel, deliberar todas as pautas”, completou. Já Ibaneis disse que há ausência de independência do Parlamento para votar as pautas que quer. “Hoje há uma ditadura velada do Executivo com o Judiciário. Não é nem uma crítica ao STF, é a maneira como tá funcionando”, disse. Os governadores têm um discurso de que o Congresso não está votando as pautas que precisa porque o Supremo impede. Quando questionados que projetos seriam esses, citam o projeto de lei que concede anistia aos condenados nos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023 como exemplo. A proposta está na Câmara e é a principal demanda da oposição, que, amotinada, impediu os trabalhos da Casa nesta semana. O presidente Hugo Motta sinalizou que não pautaria a proposta, mas o PL de Jair Bolsonaro insiste. O ex-presidente, que está em prisão domiciliar desde a última segunda-feira, poderia se beneficiar da proposta, mas há resistência entre as lideranças da Câmara. O resultado do motim bolsonarista foi ter impulsionado a discussão de propostas para blindar políticos contra investigações e denúncias criminais -projetos abraçados pelo centrão, que tem integrantes alvo de inquéritos na corte, sobretudo a respeito do uso de emendas parlamentares.