Lula não deve fazer agendas com Trump ou intermediários da Casa Branca. Deve focar em seu discurso na ONU que marcará a abertura do evento
CNN Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) embarca neste domingo (21/9) para os Estados Unidos da América (EUA) para participar da 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas. A assembleia ocorre entre os dias 22 e 24 de setembro em Nova York. Lula será acompanhado pelos ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores), Camilo Santana (Educação), Marina Silva (meio ambiente), Márcia Lopes (Mulheres), Jader Barbalho (Cidades) e Sônia Guajajara (Povos Indígenas). As autorizações de viagem foram publicadas no Diário Oficial da União (DOU). A comitiva final foi definida após uma série de dificuldades e restrições impostas pelos Estados Unidos para a liberação dos vistos de alguns ministros e integrantes do governo. A comitiva foi montada pensando em apresentar prioridades da política externa brasileira. Além disso, Lula deve participar de encontros que discutem desde o cenário na Palestina até a crise climática, em preparação para a COP30 (Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima), que ocorre em Belém (PA) no próximo mês de novembro.
Ministros com vistos suspensos
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, desistiu de viajar após o governo de Donald Trump estabelecer restrição ao seu deslocamento em Nova York. Em carta enviada aos países membros da Opas (Organização Pan-Americana da Saúde), ele culpa as restrições impostas pelo governo norte-americano. “Fui informado, quinta-feira (18/9), da postura do governo dos Estados Unidos da América (EUA) de restringir a minha circulação no país a poucos quarteirões de Nova York, o que impede a minha ida a Washington, em flagrante desacordo com o Acordo de Sede”, escreveu Padilha em carta. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, também recebeu visto dos EUA após revogação do governo norte-americano em agosto, mas não irá participar das atividades em Nova York.
Embarque
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) embarca neste domingo (21/9) para Nova York (EUA), para participar da Assembleia Geral das Organização das Nações Unidas (ONU) na próxima terça-feira (23/9). Essa será a primeira viagem do petista aos Estados Unidos desde o tarifaço imposto pelo presidente Donald Trump aos produtos brasileiros. Lula não deve fazer agendas com Trump ou intermediários da Casa Branca. Deve focar em seu discurso que marcará a abertura do evento. Mesmo assim, o petista poderá cruzar com o presidente norte-americano na ONU, já que Trump é o segundo a discursar. O chefe do Palácio do Planalto deve focar sua fala na soberania dos países, com indiretas aos Estados Unidos. Há chances de comentar sobre a guerra comercial, com críticas ao tarifaço de 50% imposto pela Casa Branca aos produtos brasileiros. A medida foi anunciada em julho, como retaliação ao julgamento contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ), acusado de participar da trama golpista. A sanção não funcionou e Bolsonaro foi condenado a 27 anos e três meses de prisão. Mesmo com a defesa do governo americano ao ex-presidente brasileiro, especialistas avaliam que o tarifaço tem como pano de fundo a defesa do Palácio do Planalto na criação de uma nova moeda para transações comerciais entre países. Lula também deve defender o empenho dos países na preservação ambiental, além de forçar a participação das nações na COP 30, evento climático que terá Belém (PA) como sede neste ano. O petista também pretende lançar oficialmente o Fundo para Florestas Tropicais, conhecido como TFFF, uma das principais demandas do país para a COP. Para completar o discurso, o chefe do Planalto deve reforçar a defesa do cessar-fogo nas guerras da Ucrânia e em Gaza, novamente criticando o esforço de países – como os Estados Unidos – para a manutenção dos conflitos.
Agenda nos EUA
Antes da assembleia, Lula deverá participar de uma conferência com a França e a Arábia Saudita para discutirem a guerra em Gaza. Os países tentam encontrar soluções pacíficas para os dois países encerrarem o conflito. O petista também terá agendas de negociações climáticas e participará de um evento para debater a COP 30 com o secretário-geral da ONU, António Guterres. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, também marcará presença no evento e nas rodadas de negociações para a conferência climática.