Divulgação/PCPA
A vítima Flávia Cunha Costa de 42 anos, morreu por desnutrição grave
A Polícia Civil do Pará prendeu, sexta-feira (4/7), a pastora Marleci Ferreira de Araújo e o marido dela, Ronnyson dos Santos Alcantara, suspeitos de manter uma mulher em cárcere privado sob maus-tratos que resultaram em morte. A vítima, Flávia Cunha Costa, de 42 anos, morreu por desnutrição grave no dia 19 de junho, depois de viver sob os cuidados do casal em condições descritas como “extremamente precárias”. Segundo a investigação, Flávia foi levada ao hospital por Marleci e Ronnyson, que se apresentaram como vizinhos e a deixaram sozinha, sem documentos. A morte, confirmada como consequência de desnutrição, selou a prisão preventiva dos dois, que foram encaminhados ao sistema prisional paraense. O caso começou a ser investigado em maio, após uma denúncia anônima. Quando os policiais chegaram à casa da dupla, no bairro da Marambaia, em Belém – capital do Pará – encontraram a mulher debilitada, magra e vivendo em situação de abandono. Na época, Flávia negou estar sendo mantida em cárcere e disse que era amiga do casal. Ela também se recusou a acompanhar os agentes até a delegacia, mas a investigação continuou. A Polícia Civil afirmou em entrevista coletiva que, apesar das declarações iniciais da vítima, os elementos colhidos indicam que ela era submetida a isolamento, violência psicológica e vivia em alienação emocional. Familiares relataram que ela já vinha sendo manipulada pelo casal havia algum tempo. Marleci e Ronnyson se apresentavam como líderes cristãos e fundadores de um grupo religioso que, segundo a polícia, submetia fiéis a maus-tratos físicos e psicológicos. Pelo menos 13 pessoas viveram sob as mesmas condições de Flávia: sem alimentação adequada, higiene ou liberdade, sob a justificativa de “purificação espiritual”. Caso não seguissem as regras impostas, eram punidas. Todas essas pessoas moravam na mesma casa que o casal. A polícia ainda não confirmou se Flávia integrava o grupo oficialmente, nem há quanto tempo vivia na residência. Também não foi esclarecido se ela mantinha contato com a família durante esse período. Marleci se apresentava nas redes sociais como pastora há mais de uma década. Além disso, dizia ser sensitiva espiritual, terapeuta cristã, sexóloga e psicanalista, todas sem comprovação de formação ou certificação para exercer as profissões. Além dos maus-tratos e da suspeita de cárcere privado, a polícia também apura se o casal lucrou financeiramente com a fé dos seguidores. Há relatos de vítimas que teriam sido induzidas a entregar bens pessoais e manter financeiramente os líderes religiosos. Marleci e Ronnyson negaram todas as acusações em depoimento, mas permanecem presos preventivamente.