Um revés político expõe a tentativa fracassada de aliados bolsonaristas de provocar danos à economia brasileira
Trump e Lula. Foto: Reuters/AG.BRASIL/Evelyn Hockstein
p/ Oliveiros Marques
É preciso colocar o título no plural. Porque não foi só o Eduardo Bananinha que perdeu em sua tentativa atrapalhada de desestabilizar a economia brasileira ao estimular o governo dos Estados Unidos da América (EUA) a impor tarifas abusivas sobre produtos brasileiros. Tampouco apenas o seu auxiliar – o já conhecido neto de ditador. A lista de manés envolvidos nesse atentado contra o Brasil é maior. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, por exemplo, com seus aplausos entusiasmados à investida de Eduardo Bolsonaro, as reuniões com representantes de quinto escalão do governo norte-americano e o indefectível boné vermelho do Make America Great Again – MAGA – ornamentando a cabeça. E outros governadores, que, como micos adestrados, seguiram o coro e bateram palma. A decisão de Donald Trump, anunciada na última quinta-feira à noite, de recuar nas tarifas impostas sobre dezenas de produtos brasileiros exportados para os EUA – café, açaí, carne e outros que afetam diretamente a economia de várias regiões do país – representa uma vitória da capacidade de negociação de Lula e da inteligência diplomática do governo. A articulação dos setores produtivos afetados, comandada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, as conversas firmes do chanceler Mauro Vieira com o secretário Marco Rubio e, sobretudo, o diálogo direto e sem firulas entre Lula e o próprio Trump demonstram que, ao contrário do governo anterior, o atual é conduzido por profissionais e patriotas, não por amadores performáticos. Se bem explorado pelo governo, esse episódio pode ajudar a isolar ainda mais o extremismo na política brasileira, reduzindo a influência que a família Bolsonaro ainda exerce sobre determinados nichos do eleitorado. Além de reafirmar a força negocial de Lula, evidencia, para os mais distraídos, o verdadeiro tamanho e as reais prioridades da família Bolsonaro e de seus dependentes políticos – sempre mais preocupados com suas conquistas pessoais do que com o interesse nacional. Mas para isso, uma vitória dessa magnitude não pode virar paisagem nem ficar restrita a um post nas redes sociais. É preciso transformá-la em disputa política, em discurso, em contraste. E, naturalmente, trazer para o centro do debate figuras como Tarcísio de Freitas e demais aliados que se empenharam em estimular o tarifaço do governo Trump. Não permitir que agora tentem posar de desentendidos, como se essa derrota retumbante também não fosse deles.
Oliveiros Marques Sociólogo pela Universidade de Brasília, onde também cursou disciplinas do mestrado em Sociologia Política. Atuou por 18 anos como assessor junto ao Congresso Nacional. Publicitário e associado ao Clube Associativo dos Profissionais de Marketing Político (CAMP), realizou dezenas de campanhas no Brasil para prefeituras, governos estaduais, Senado e casas legislativas



