ONU – NY (EUA)
Apesar das tensões iniciais, os presidentes: Donald Trump dos EUA e Luis Inácio Lula da Silva do Brasil se abraçam, se cumprimentam na ONU e até marcaram um encontro para a proxima semana
Para quem esperava um clima de “Guerra” e hostil, no encontro entre o presidente norte-americano Donald Trump e o presidente brasilleiro Luis Inácio Lula da Silva (PT), se enganou. Os dois Presidentes se encontraram nos corredores das Organizações das Nações Unidas (ONU) em Nova Iorque (EUA) se cumprimentaram e fcou marcado para a próxima semana um encontro entre Trump e Lula. Sorridente, Trump ate brincou:” O Lula e muito simpático”, festejou Donald Trump. O presidente americano afirmou que abraçou Lula antes de discursar, quando marcaram o encontro da próxima semana; o governo brasileiro confirmou. “Ele me parece um homem muito legal. Ele gostou de mim, eu gostei dele”, disse Trump sobre Lula.
Discursos
Trump
O presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, fez gracejos com o teletrompter e ameaças ao operador ao assumir o púlpito para discursar na 80ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta terça-feira (23/9). A situação se deu pouco depois do discurso de abertura, em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mandou duro recado à extrema direita global e humilhou o presidente dos EUA. Ele brincou, pouco antes de iniciar oficialmente seu discurso na ONU, que quem quer que estivesse operando o equipamento de leitura dos líderes, um teleprompter, estaria em “grandes problemas” por conta do não funcionamento do item. A fala arrancou risada, duas vezes, dos líderes globais e delegações presentes. “Não me importo de fazer um discurso sem um teleprompter, porque o teleprompter não está funcionando. De qualquer forma me sinto muito feliz de estar aqui com vocês. Qualquer um que esteja operando esse teleprompter está em um grande problema”, brincou Trump antes de iniciar seu discurso. A brincadeira se deu pouco depois de Lula discorrer sobre as recentes retaliações de Trump ao Brasil – que incluem o tarifaço de 50% sobre as exportações brasileiras e sanções contra membros do governo e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Na ocasião, Lula reforçou que a soberania do Brasil não está em negociação, se referindo a Trump como “candidato a autocrata” e, neste momento, foi aclamado com aplausos pela plateia. “Diante dos olhos do mundo o Brasil deu um recado a todos os candidatos a autocratas e aqueles que os apoiam: nossa democracia e nossa soberania são inegociáveis”, ressaltou Lula. “Seguiremos como nação independente e como povo livre de qualquer tipo de tutela”, emendou o mandatário. Acompanham lula os ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores), Marina Silva (Meio Ambiente), Márcia Lopes (Mulheres), Jader Barbalho (Cidades), Sônia Guajajara (Povos Indígenas) e Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública). Ainda sem citar nomes, e respondendo aos discursos de Lula e do Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, que pedem pelo fim das guerras. “Civis estão sendo mortos e silenciados, mulheres e crianças enfrentam violências infaláveis. Não existe solução militar. Peço a todos aqui para que encerrem o apoio ao financiamento que corrobora com esse banho de sangue”, disse Guterres na ocasião. “São palavras vazias e palavras vazias não salvam uma guerra”, respondeu Trump aos líderes, sem mencioná-los, pouco antes de abordar o genocídio na Faixa de Gaza e a guerra na Ucrânia. Trump ressaltou diversas vezes o torpe discurso do governo dos EUA contra imigrantes, sobre a Faixa de Gaza, e a Ucrânia, além de negar o aquecimento global. Ele ainda destacou em inúmeras ocasiões em sua fala sobre o poderio militar dos EUA, como forma de tentar amedrontar os demais líderes. “A ONU não só não resolve os problemas que deveria com muita frequência, como também cria novos problemas para nós resolvermos. O melhor exemplo é a principal questão política do nosso tempo: a crise da migração descontrolada”, afirmou. Sobre a Faixa de Gaza, ele pôs a culpa do genocídio nas costas do grupo reacionário Hamas, que atacou Israel em 7 de outubro 2023, onde 1,2 mil pessoas morreram e 201 foram feitas reféns, e usou o fato como justificativa para os mais de 65 mil mortos na Palestina. “Infelizmente o Hamas rejeitou continuamente o acordo pela paz”, justificou Trump.
Lula
O presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva (PT) usou boa parte de seu discurso na abertura da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) para criticar diretamente o governo Donald Trump pela adoção de medidas “unilaterais e arbitrárias” contra instituições brasileiras. O presidente dos Estados Unidos devolveu na mesma moeda e criticou o que chamou de perseguição política no Brasil. Mesmo assim, Trump anunciou que terá um encontro com Lula na próxima semana. Em sua 10ª participação, Lula abriu a sessão de debates da assembleia das Nações Unidas. A cerimônia marca os 80 anos da ONU. Trump falou na sequência. Enquanto um Lula deixava e Trump subia ao plenário da ONU, os dois presidentes se encontraram e marcaram o encontro. A data e o local ainda serão acordados entre os governos. Trump demorou alguns segundos para aparecer na tribuna. Foi nesse curto intervalo que eles se falaram numa sala reservada de espera. Na véspera da fala de Lula na ONU, o governo Trump anunciou uma nova leva de sanções a autoridades do poder Executivo e do Judiciário brasileiro. Como o Estadão mostrou, Lula calibrou seu discurso para contestar as “agressões” americanas, mas considerava cumprimentar Trump, se o encontrasse. “Não há justificativa para as medidas unilaterais e arbitrárias contra nossas instituições e nossa economia”, disse Lula em seu discurso. “Essa ingerência em assuntos internos conta com auxílio da extrema direita e de antigas hegemonias”, criticou o petista. O presidente também mencionou a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e disse que houve um processo “minucioso”, com amplo direito de defesa que não existe nas ditaduras. “O Brasil deu um recado a todos os candidatos a autocratas e àqueles que os apoiam”, disse o petista. Lula afirmou que a soberania do Brasil é inegociável e que seguiremos como povo independente e “livre de qualquer tipo de tutela”, ante a demanda de Trump para que o processo contra Bolsonaro fosse abandonado. A comitiva de Lula no plenário foi composta pela primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, pelos ministros Mauro Vieira (Itamaraty), Ricardo Lewandowski (Justiça) e pelos embaixadores Celso Amorim, assessor especial da Presidência, e Sérgio Danese, representante permanente do País na ONU. Eles e servidores da Presidência que assistiam do mezanino puxaram palmas para Lula em vários momentos do discurso do presidente.
Trump critica perseguição política no Brasil
Depois de 40 minutos de discurso, Trump citou as sanções impostas por seu governo contra o Brasil. Trump criticou o que chamou de perseguição política no Brasil. Segundo o presidente americano, o País está “enfrentando grandes respostas a seus esforços sem precedentes de interferir nos direitos e liberdades de cidadãos americanos”. Para Trump, esse propósito contou com a ajuda de administrações anteriores dos Estados Unidos, em especial a de Joe Biden. Além disso, Trump insistiu na tese de que as taxas adicionais a produtos do Brasil visam corrigir distorções tarifárias contra a economia dos EUA. O presidente americano afirmou que abraçou Lula antes de discursar, quando marcaram o encontro da próxima semana. O governo brasileiro confirmou. “Ele me parece um homem muito legal. Ele gostou de mim, eu gostei dele”, disse Trump sobre Lula.



